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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Superfície





 Ninguém nunca me viu tão rasa. Jamais ousaram tocar meus poços mais excessivos. Minha superfície frágil e dispersa agora rompe-se diante de todos os olhos cominadores.
 Deveria haver algo por trás do sedimento. Vejo as mesmas palmas das mãos, os mesmos traços das maçãs, as mesmas pupilas, entretanto um pouco mais de senescência. Nada seria capaz de mudar, nem mesmo todas as mudanças visíveis que ocorrem. Porque ser, então, um corpo vazio, medíocre e superficial?
 Ninguém seria capaz de compreender todos os absurdos que me atingem direta e indiretamente... Ou o motivo de causar tanto efeito em mim. Uns dizem, outros supõem, afirmar é uma perfeita estupidez. Mas certamente se tocarem minha cisterna mais simples, verão como afundarão completamente. Paciência. Lentidão. Profundidade.


Rafaela Menezes.

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