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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pequenas Histórias


Outra

Outra...
Por que pensar ou ser merecedor?
Mais, e mais. Estive farta. Cansei. E de novo, de novo, outra vez. Mais uma vez cansei de acreditar.
Já distribuí várias, a vida também, além de pessoas, além do tempo. Todos ofereceram a ele, cabe somente a ELE aceitar e fazer jus. E não fez.
Por que eu tentaria? - Outra vez, não é? - Por que pensas isto de mim? Pareço certas vezes tão ingênua, outras tão segura de mim. Mas eu simplesmente estava sendo justa, eles sabem o quanto. Também sabem o quão eufêmico ou até mesmo irônico seria se eu dissesse "afastem-se dele, ele não é digno de outra...". Pare. A verdade não apenas eu vejo. Esta é apenas a minha introdução confusa, mas mal sabem que o meio é ainda mais complexo - ou não.

O rapaz sorriu pra mim. O que há de errado? Ele sorriu exatamente da mesma forma que eu pedira para não sorrir. E se ele sentiu vontade? Que sorrisse daquele jeito então, mas não pra mim. Não enquanto eu estivesse sozinha e com tanta raiva difícil até de ser transmitida pela face... E como eu queria que ele visse.
- Está tudo bem, Elisa? - Ouvi uma voz feminina e preocupada sussurrar por trás do meu pescoço.
- É... Bem... - Gaguejei, ainda estava com raiva. - É que às vezes eu queria explicar a ele que não retribuí o olhar... Ou o sorriso.
- Não precisa explicar nada, já diz a famosa frase. Sou tua amiga e sabes que teus inimigos jamais acreditariam nas suas explicações e seus amigos não precisarão delas. - A amiga tocou meu ombro e antes que eu pudesse piscar novamente, ela desaparecera.

Eu sabia que ela não estava lá de verdade, nem mesmo poderia estar naquele momento. Mas foi a única força que pude resgatar de dentro de mim, meu espírito. Então uma lágrima desceu sobre meu rosto tão leve quanto uma pluma, tão suave quanto uma pétala, tão real quanto o mal, tão fatal, tão incógnito, tão sem comparação... Mas em meus lábios surgiu um sorriso. Não foi um sorriso alegre, nem mesmo um sorriso falso. Também não foi pelas supostas palavras da suposta amiga que não estava comigo, nem por angústia. Aquele sorriso era bem fácil de ser descrito... Era deboche. Sim, era mesmo deboche. Porque se era pra retribuir um sorriso, que fosse aquele; Se era pra retribuir um olhar, que fosse aquele olhar frio que completava.

Outra...
Por que pensar ou ser merecedor?
Mais, e mais. Estive farta. Cansei. E de novo, de novo, outra vez. Mas dessa vez foi diferente...
Outra? Para que mais uma chance?



Rafaela Menezes.

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